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Subiu aos Céus

  • Joel Lopes
  • May 25, 2017
  • 14 min read

INTRODUÇÃO

“Creio em Deus, o Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, a santa Igreja universal, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne, a vida eterna. Amém.”

Este é o chamado Credo dos Apóstolos, o qual “nada contém de doutrina humana. Pelo contrário, é uma coleção de testemunhos certíssimos da Escritura.” (João Calvino). Ou seja, o Credo dos apóstolos contém as doutrinas cristãs essenciais. O Credo dos Apóstolos é assim chamado não por ter sido escrito pelos apóstolos, mas por se basear nas doutrinas apostólicas. O Credo terá tido a sua origem no século VIII na Gália, mas partes dele eram bem mais antigas, achando-se nos escritos dos pais da Igreja.

O Credo dos Apóstolos está estruturado trinitariamente, primeiramente fala do Pai, sem seguida do Filho e por fim do Espírito Santo.

No artigo sobre o Filho encontramos a seguinte afirmação: “subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.”

Enfatizamos muito a morte e a ressurreição de Cristo, mas muito pouco se fala sobre a sua ascensão. O que há a falar sobre a ascensão? Porque Jesus teve de subir ao céu? Não poderia ter ficado em nosso meio? Não seria tudo mais fácil se Ele tivesse ficado? O que ele faz agora no céu? Qual a importância da ascensão?

Para abordar o assunto irei seguir a estrutura do Catecismo de Heildeberg sobre este tema. O Catecismo de Heidelberg é um documento do século XVI de ensino das doutrinas básicas da fé cristã.

1. SUBIU AOS CÉUS

O que quer dizer: Jesus subiu aos céus?

Lucas escreveu no seu evangelho, em Lucas 24.50-53:

“ Então os levou até Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, enquanto os abençoava, afastou-se deles; e foi elevado ao céu. Depois de o adorar, eles voltaram com grande alegria para Jerusalém. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.”

Lucas também escreveu em Atos 1.1-12:

“Fiz o primeiro relato, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado ao céu, após ter dado orientações, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera. Depois de ter sofrido, apresentou-se vivo também a eles, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes por quarenta dias e falando das coisas referentes ao reino de Deus. Enquanto participava de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias. E os que se haviam reunido perguntaram-lhe: Senhor, é este o tempo em que restaurarás o reino para Israel? Ele lhes respondeu: Não vos compete saber os tempos ou as épocas que o Pai reservou por sua autoridade. Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.

Depois de dizer essas coisas, ele foi levado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu de seus olhos. Estando eles com os olhos fixos no céu, enquanto ele subia, apareceram junto deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado ao céu, virá do mesmo modo como o vistes partir.

Então eles voltaram para Jerusalém, vindo do monte chamado das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, à distância da caminhada de um sábado.”

Lucas é o autor tanto do Evangelho de Lucas quanto de Atos. O fim do Evangelho de Lucas é paralelo ao início do livro de Atos. Jesus, quarenta dias após a sua ressurreição, depois de ter dado orientações aos discípulos para serem suas testemunhas, foi elevado às alturas no Monte das Oliveiras.

Enquanto Jesus subia uma nuvem o envolveu. Esta não era uma nuvem comum. Em outros lugares das Escrituras a nuvem é muitas vezes associada à manifestação da presença de Deus., então a nuvem que envolveu Jesus foi a própria presença de Deus. Os discípulos ficaram ali a olhar enquanto ele subia, os anjos perguntaram aos discípulos porque estavam eles ali a olhar, e disseram-lhes que Jesus iria voltar da mesma forma como eles o viram subir.

Diz o catecismo de Heidelberg:

“Cristo, à vista de seus discípulos, foi elevado da terra ao céu e lá esta para nosso bem, até que volte para julgar os vivos e os mortos.” (P 46)

Várias passagens do Novo Testamento afirmam que Jesus está nos céus, sentado à direita de Deus intercedendo como sacerdote pelos seus eleitos, até ao momento em que ele voltar e então julgar os vivos e os mortos. (Rm 8.34; Ef 4.10; Cl 3.1; Mt 24.30; At 1.11)

Estes são factos reais. Jesus subiu aos céus, lugar onde ele está agora, neste preciso momento. Isso quer dizer que o seu corpo não ficou algures na terra. Lázaro foi ressuscitado mas depois um dia voltou a morrer. Jesus ressuscitou e o seu corpo nunca sofreu decomposição, foi transformado.

Mais nenhuma religião tem o seu líder como alguém que ressuscitou e continua, eternamente, a viver com um corpo físico. Jesus, o Deus-Filho encarnado, está sentado à direita do Deus-Pai, aguardando o momento para da mesma forma como subiu, igualmente descer. Nesse momento cada um de nós terá de prestar contas pela sua vida. Jesus veio como Salvador mas voltará como Juiz. Quando Ele voltar não haverá mais oportunidade para arrependimento, aqueles que não tiverem crido em Jesus e na sua obra na cruz como única e suficiente para a salvação irão perecer e sofrer por toda a eternidade no inferno, longe da presença de Deus.

Já te arrependeste e creste em Cristo como teu salvador? Já rendeste a tua vida a Ele? Se Ele voltasse agora, neste preciso momento, o que lhe dirias? “Senhor, Senhor…”? De nada servem essas palavras e uma vida de aparência religiosa se não tiver existido uma vida de fé, de renúncia e entrega ao Senhorio de Cristo. Se ainda não te rendeste a Cristo, arrepende-te e crê hoje mesmo e serás salvo.

2. CRISTO ENTÃO NÃO ESTÁ CONNOSCO COMO NOS PROMETEU?

Jesus, ao dar a chamada Grande Comissão aos discípulos prometeu que estaria com eles, e por conseguinte connosco, até ao fim dos séculos. Agora, como está Ele connosco se subiu aos céus e está sentado à direita do Pai?

Uma vez mais, o Catecismo de Heidelberg responde:

“Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo sua natureza humana não está agora na terra, mas segundo sua divindade, majestade, graça e Espírito jamais se afasta de nós.”

Fisicamente Jesus não estaria mais com os seus discípulos. Ele próprio afirma isso em Mateus 26.11 ao dizer que os discípulos sempre teriam os pobres com eles mas a Ele não. Ele disse que voltaria para o Pai, que não mais estaria no mundo (Jo 16.28). Se Jesus tivesse ficado na terra não poderia ser o sacerdote dos crentes diante do Pai, conforme nos diz Hebreus (Hb 8.4).

Ainda assim, apesar de afirmar que iria sair do mundo e iria ser recebido nos céus junto do Pai, Ele também afirmou que estaria com os crentes até ao final. Jesus disse que não deixaria o seu povo órfão, que Ele voltaria, que Ele enviaria o Consolador, o Espírito Santo, dom esse que só pode receber quem é filho de Deus (Jo 14.16-18), seria o Espírito que iria ensinar e guiar os discípulos de Cristo, iria lembrá-los de tudo o que Jesus ensinara (Jo 16.13).

Agora, isto não quer dizer que Jesus tem as suas duas naturezas (humana e divina) separadas. “a natureza divina de Cristo não pode ser limitada e está presente em todo lugar. Por isso, podemos concluir que a natureza divina dEle está na sua natureza humana e permanece pessoalmente unida a ela, embora também esteja fora dela” (Catecismo de Heidelberg, P. 48).

Assim, através do Espírito Santo a promessa de Cristo é cumprida na vida dos crentes. O cristão tem a presença de Cristo através do seu Espírito, ainda que a sua natureza terrena transformada esteja junto do Pai, nos céus.

Aqueles que se tornam seguidores de Cristo não ficam órfãos, não ficam entregues a si mesmos ou às circunstâncias da vida. Os que se arrependem e crêem são selados, são garantidos como pertença de Deus, através do Espírito Santo que neles passa a habitar. É o Espírito que atua em primeiro lugar na conversão da pessoa ao aplicar o sacrifício de Cristo à pessoa, ao convencê-la do pecado, justiça e juízo, ao regenerar-lhe o coração, ao dar-lhe o dom da fé para que possa crer, ao conceder-lhe o arrependimento, ao justificá-la, ao torná-la filha de Deus. É o Espírito que santificará a pessoa na sua peregrinação, que a dotará de dons para edificar o Corpo. É o Espírito que auxiliará e conduzirá o crente a perseverar até ao fim, até ao momento que Jesus voltar.

Será que tens visto a obra do Espírito Santo em ti? De nada serve afirmarmo-nos cristãos, de nada serve irmos às atividades da igreja, de nada serve pregarmos, ou servirmos em qualquer ministério se não existir evidência da presença do Espírito em nós. Uma das principais evidências do Espírito em nós é no momento em que nos convertemos, mudamos de relação com Deus e com o pecado. Deus a quem antes detestávamos agora amamos. O pecado que nós antes amávamos agora odiamos. Deus de quem nós antes fugíamos, agora é o nosso maior prazer. O pecado em que nós antes nos deleitávamos agora nos enoja. Esta é uma evidência do trabalho do Espírito, tens visto isso na tua vida? Tens sentido nojo pelos pecados que cometes? Sentes prazer em fazer a vontade de Deus? Mais, o Espírito é Santo, por isso onde ele está santifica. Tens crescido em santidade? Uma das tarefas do Espírito é lembrar as coisas que Jesus ensinou e Ele próprio nos ensinar por intermédio das Escrituras. Sentes fome da Palavra e de estar em oração? O Espírito usa os crentes para a edificação do corpo. Tens crescido no teu amor pelos teus irmãos da igreja procurando servi-los sacrificialmente e considerando-os como superiores a ti mesmo?

Obviamente que o cristão sentirá que pode crescer muito mais nessas áreas e reconhece que muitas vezes é omisso nelas. Mas outra marca do cristão que tem nele o Espírito é que se entristece pelo facto de não estar como deveria. Mas se vês isto em ti quer dizer que Jesus está contigo até ao fim dos tempos. Ele está em todo o momento. Essa verdade deve produzir conforto, quando passamos pelos vales da sombra da morte, deve ser um travão quando somos tentados a pecar e deve ser motivo de ousadia quando devemos pregar o Evangelho.

Assim, pelo Espírito Jesus está connosco até à consumação dos tempos.

3. PORQUE É IMPORTANTE A ASCENSÃO DE CRISTO?

Já pudemos, pelo percurso que fizemos até aqui perceber a importância de Cristo ter subido aos céus. Vamos destacar três motivos, os quais são apontados pelo Catecismo de Heidelberg.

a) Ele é, no céu, nosso Advogado junto a seu Pai.

Na primeira epístola de João, capítulo 2, versículo 1 podemos ler:

“Meus filhinhos, eu vos escrevo estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.”

Jesus ressuscitou dos mortos e ascendeu aos céus, estando à direita do Pai e advoga em nosso favor. O sacrifício de Cristo na Cruz cobre todos os pecados do crente. Tanto os do passado, os do presente e os do futuro. Estão todos pagos. Jesus satisfez o Justo Juiz, sempre que o cristão peca ele tem Cristo que o defende com as suas chagas.

Todo aquele que reconhece os seus pecados, que os confessa encontra consolo e refúgio naquele que pagou tudo por eles. Jesus é o Advogado de todos quantos se arrependem e crêem, a garantia da defesa feita por Cristo é o sangue que Ele derramou pelos seus. O cristão é chamado a não pecar, conforme lemos nesse mesmo versículo, mas João tem noção que, deste lado da existência, enquanto a glorificação não se der os cristãos ainda cairão muitas vezes em pecado. No entanto o pecado está em que Jesus subiu aos céus e está junto do Pai a interceder por nós.

Esta é uma verdade que deve nos consolar. Aqueles que estão aqui nesta noite e que são cristãos odeiam pecar. No momento até pode dar prazer, mas é um prazer de pouca dura e aquilo que prometia ser doce revelou-se amargo a ponto de trazer lágrimas e vergonha. É assim que se sente o filho de Deus quando peca, a consciência pesa, a tristeza instala-se, perde o sono, fica envergonhado pelo que disse ou fez. Isto é bom sinal e é saudável se der espaço ao arrependimento e depois se agarrar à certeza do perdão comprado na Cruz.

O problema está quando deixamos que a culpa nos domine, quando trancamos a tristeza e a amargura dentro de nós e não a deixamos sair, nem deixamos entrar o doce perdão e consolo de Deus. Nessas horas devemos agarrarmo-nos menos ao que sentimos e colocarmos bem diante dos nossos olhos da fé a verdade de que temos um Advogado que nos defende de forma eficaz, 100% eficaz. Não há pecado algum que ele não conseguirá conseguir o perdão para nós. As consequências poderão vir, podem ser duras, mas a salvação nunca a perderemos, isso ele nos assegura. As consequências servem para o nosso crescimento e amadurecimento, mas aqueles que estão em suas mãos, ninguém os arrebatará. Que todos esta noite sejam consolados pelo facto de termos Advogado eficaz diante de Deus a interceder por nós, que o perdão dos pecados, depois de manifesto o arrependimento e depois de confessados os pecados, possa inundar o coração de cada um presente aqui nesta noite. É maravilhoso sentir-se o perdão de Deus. Mas por vezes não o sentimos, ou pelo menos, não o sentimos logo, mas aceitamo-lo e agarramo-lo pela fé no que está escrito.

b) Em Cristo temos nossa carne no céu, como garantia segura de que Ele, como nosso Cabeça, também nos levará para si, como seus membros

Em João 14.2-3 podemos ler: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vos teria dito; pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim, para que onde eu estiver estejais vós também.”

Jesus diz que foi preparar-nos lugar. Onde ele está nós iremos estar também, o facto de ele lá estar é garantia de que iremos também, pois Ele é o Cabeça e onde a cabeça está tem de estar todo o corpo também.

Jesus é o primogénito entre muitos irmãos, que são todos os crentes de todos os tempos. Onde o nosso irmão mais velho está, estaremos também nós. O facto de Ele ter ascendido aos céus é a garantia de que lá nós estaremos também, porque o desejo dele é o que está escrito em João 17.24: “Pai, meu desejo é que aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver, para que vejam a minha glória, a qual me deste, pois me amaste antes da fundação do mundo.”

Esse é o desejo também de todo o cristão genuíno: estar com Cristo. Por isso a verdade de que Jesus ascendeu aos céus deve encher-nos de expectativa, sabendo que Jesus foi à frente preparar a nossa chegada. O encanto do céu será estar diante da glória de Cristo, este é o destino de cada um dos seus filhos. Não ficaremos debaixo da terra, não ficaremos num vazio, não cessará a nossa existência, não reencarnaremos, não ficaremos no sono da alma, mas quando fecharmos os olhos deste lado, abriremos os olhos na nossa casa, o lar onde ainda não estivemos mas já sentimos saudades, seremos recebidos pelo nosso irmão mais velho, pelo nosso Cabeça, o nosso Senhor e Salvador, o Rei dos reis, Jesus Cristo.

Temos garantia de que estaremos com ele por toda a eternidade, onde ele está, por isso ele subiu aos céus.

c) Ele nos envia seu Espírito, como garantia, pelo poder do Espírito buscamos as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado a direita de Deus, e não as coisas que são da terra.

Se Jesus não tivesse ido ele não teria enviado o Consolador, o Espírito como selo, como garantia.

O próprio Jesus disse que era para benefício dos discípulos que ele iria partir, pois se ele não fosse o Espírito não viria, o qual tem a incumbência de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

Se Cristão não tivesse subido o cristão não teria a garantia em seu coração da sua salvação, pois o Espírito é o selo, o penhor da herança. O cristão tem em si o Espírito Santo que testifica e o assegura da sua salvação.

Mais, tendo Cristo subido foi derramado Espírito que conduz o cristão a buscar as coisas do alto, onde Cristo está, as coisas celestiais, do Reino, que são eternas, em detrimento das da terra, que são passageiras.

A casa do cristão, a sua pátria é os céus, onde Cristo está, e é para essa pátria que o Espírito está a formatar a mente do cristão de modo a que este busca viver segundo os princípios e estilo de vida da pátria celestial.

É nos céus, à direita de Deus que Cristo está. Estando à direita de Deus Ele tem autoridade, toda a autoridade lhe foi dada, Ele é o cabeça da Igreja, conduz a Igreja e governa sobre todo o mundo em nome do seu Pai. Sendo autoridade sobre a Igreja faz com que esta cresça rumo à perfeição, dando-lhe dons para se edificar a si mesma, onde os membros se edificam uns aos outros. Ao mesmo tempo defende e protege os seus, guardando-os de todos os inimigos, pois nada poderá separá-los do Seu Amor.

Ai de nós se o Espírito não tivesse vindo. Quem arrancaria as escamas dos nossos olhos? Quem nos mostraria o nosso pecado? Quem derramaria fé em nossos corações para nos arrependermos e crermos em Cristo? Se Cristo não tivesse ascendido aos céus não teria vindo o Espírito que fez e tem feito esse trabalho maravilhoso.

Deve também ser de grande consolo o facto de o Espírito habitar em nós, de termos a convicção, maior ou menor, mais fortalecida ou por vezes enfraquecida, mas sempre lá, de que somos filhos de Deus. O Espírito é a nossa garantia, é a certeza de que receberemos a herança, a vida eterna. Como saber que temos esse selo em nós? Pelos motivos que já disse no início: a mudança da nossa relação com o pecado e com Deus, o nosso amor pelo próximo, a nossa santificação. Só o facto de nos preocuparmos com o estado espiritual da nossa alma já é um sinal do trabalho do Espírito em nós.

É pelo Espírito que o nosso desejo está no estilo de vida do lugar onde se encontra Jesus agora. Somos conclamados a buscar em primeiro lugar o Reino dos céus e a sua justiça, a buscar as coisas do alto onde Jesus está. Quem nos auxilia nessa tarefa é o Espírito Santo.

Se não fosse o Espírito não terias a mínima vontade de fazer a vontade de Deus, não terias vontade de ler as Escrituras, de orar, de estar reunido com a Igreja, não te incomodaria o pecado, a tua mente não estaria a ser moldada à vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável. Ainda que seja contrário à carne e que muitas vezes o desejo não seja essa, o anseio mais profundo é sempre esse e não ficamos descansados, satisfeitos e realizados enquanto não nos encontramos a buscar as coisas do alto, porque é para lá que o Espírito nos dirige, é lá que Cristo está, no alto, nos céus, à direita do Pai.

O facto de Ele estar à direita do Pai e de ter toda a autoridade deve causar em nós temor e ao mesmo tempo consolo. Ele é o nosso capitão, o nosso líder, o nosso Cabeça. Ele é o nosso salvador, mas é também a quem devemos obedecer e a quem iremos prestar contas. Será que temos obedecido às suas ordens? Não serve de nada dizermos que o amamos se não obedecermos aos seus mandamentos. Há neste momento algum mandamento que deliberadamente tens desobedecido? Queres mesmo fazer frente ao Cabeça? Arrepende-te e confessa o teu pecado, encontra perdão e obedece sempre ao Mestre. Obedeçamos ao Cabeça e contribuamos para o crescimento de todo o Corpo, investamos no amor aos irmãos, no serviço, na abundância de boas obras.

Ele como nosso Cabeça e governante protege-nos e defende-nos. Não há nada que chegue à nossa vida que não esteja dentro do seu plano, porque tudo coopera para o nosso bem. Não talvez para o bem segundo a nossa perspetiva imediatista, mas para o bem que Ele sabe ser de facto o bem que fica para toda a eternidade. Isso deve fazer-nos encarar cada circunstância, cada tribulação, cada injustiça, cada sofrimento com fé, com confiança de que estamos sob o governo de Cristo. Jesus não nos deixará tropeçar, ainda que a nossa fé seja peneirada por Satanás, ele roga por nós e não nos deixará cair, ele protege-nos de todos, de nós mesmos, de Satanás e do mundo, porque nele somos mais que vencedores!

 
 
 

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