Três Afirmações sobre a Certeza da Salvação
- Tim Challies
- Jul 13, 2016
- 5 min read

Hoje eu gostaria de fazer 3 afirmações sobre um assunto que se apresenta sempre como relevante para os cristãos: certeza da salvação.
Esta é uma área de grande confusão para muitos crentes e uma área que pode levar a um grande desencorajamento. Vou fazer três afirmações sobre a certeza da salvação e depois, querendo Deus, continuar amanhã com uma palavra sobre as verdadeiras bases para a certeza da salvação.
1. É possível e até mesmo normal para o cristão experimentar a certeza da salvação
John MacArthur chama segurança da salvação “o direito de nascimento e privilégio de cada crente em Jesus Cristo”. Esta segurança não só é possível mas deveria ser uma experiência normal para qualquer crente em Cristo. Romanos 8.16 ensina que a segurança da salvação é parte do ministério do Espírito Santo. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Vejam o que Matthew Henry diz acerca deste versículo: “Aqueles que são santificados têm o Espírito de Deus que testifica aos seus espíritos, o que deve ser percebido não como uma revelação extraordinária imediata, mas um trabalho comum do Espírito, em e através de conforto, trazendo paz à alma. Este testemunho é sempre concordante com a palavra escrita, e por isso sempre alicerçado sobre a santificação; porque o Espírito no coração não pode contradizer o Espírito na palavra.”
2 Pedro 1.10 vai ao ponto de nos exortar14 que busquemos esta certeza: “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.”.
Ainda mais claro que estes versículos é 1 João 5.13. Quando João termina esta epístola ele revela o propósito ao escrevê-la. “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.”. Deus providenciou-nos um livro inteiro na Bíblia que nos ensina como saber se temos a vida eterna. Certamente então, podemos concordar que Deus pretende que tenhamos a certeza que somos seus filhos.
Tendo visto que é tanto possível como normal para o cristão experimentar a segurança da salvação, agora vamos para o segundo ponto que parece contraditório.
2. É possível e até mesmo normal para o não-cristão experimentar uma falsa certeza da salvação
Um prenúncio de uma das cenas mais aterrorizastes que o mundo jamais experimentará está contida em Mateus 7, numa secção chamada muitas vezes “Nunca vos conheci”. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente:nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.”. Quando o juízo final vier, muitos ficarão chocados por perceberem que não são verdadeiros crentes. Irão para o caixão confiantes de que são salvos, mas no julgamento final descobrirão que vão ser jogados fora da presença de Jesus. Isto deveria ser preocupante para todos os que se consideram cristãos. Não admira que Paulo buscasse confiança na sua salvação, declarando em 2 Timóteo 1.12: “e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.”.
É educacional, certamente, olhar para as bases da certeza daqueles que pensam que são verdadeiros crentes. Olharemos para isto em maior detalhe amanhã, por agora notemos a pequena frase: “Não temos nós…”. Há muito que podemos aprender destas poucas e pequenas palavras. Aqueles que têm uma falsa certeza da salvação colocaram a sua esperança neles mesmos e nos seus próprios esforços. Eles baseiam-se no seu próprio esforço, ao invés de se basearem no trabalho de Cristo.
3. É possível e até mesmo normal para os cristãos terem dúvidas acerca da sua salvação
Não há nada de anormal acerca de, por vezes, se experimentarem dúvidas acerca da salvação. A única coisa anormal acerca da dúvida seria experimentar essa mesma dúvida e não lidar com ela. Seria anormal não lutar com isso até que tenha sido reprimida pelo poder do Espírito. Uma pesquisa que incluísse “grandes” cristãos dos nossos dias e do passado mostraria que é comum lidar com algum nível de dúvida. Não se trata de um dúvida que consome ao ponto de levar a pessoa a uma depressão constante e desespero, mas uma dúvida ocasional que pode ser superada pelo ministério do Espírito.
Donal Whitney listou várias coisas importantes para perceber acerca deste tipo de dúvida, cada uma delas é digna de ser considerada.
a. Duvidar da salvação não é o mesmo que experimentar incredulidade. A pessoa pode ter uma fé forte e vibrante em Jesus Cristo enquanto sente algum nível de dúvida. Não devemos fazer da dúvida um termo sinónimo de incredulidade, para que a pessoa não sinta que os seus breves períodos de dúvida indiquem uma incredulidade grave no seu coração. Incredulidade pressupõe a negação de vários pontos importantes de doutrina; dúvida é uma mera incerteza acerca dessas doutrinas.
b. Há várias causas para a dúvida. Podemos duvidar por causa dos ataques de Satanás, por causa de tribulações e circunstâncias difíceis, por causa de pecado nas nossas vidas ou até mesmo por causa de condições debilitantes a nível mental ou físico. A dúvida não é necessariamente trazida por haver pecado abundante nas nossas vidas.
c. Imaturidade espiritual. Com uma maior maturidade vem um maior entendimento de Deus e da nossa posição diante dele através da morte expiatória de Jesus. Assim, é de esperar normalmente que as dúvidas diminuam numa pessoa que cresce em maturidade espiritual.
d. Sensibilidade para com o pecado pode causar confusão acerca da certeza da salvação. Crentes, através dos seus corações regenerados, são abençoados com uma maior sensibilidade para com o pecado. Esta compreensão elevada da gravidade do pecado pode levar cristãos, e talvez cristãos recentes em particular, a experimentar dúvida. Ainda assim deve ser referido que esta sensibilidade aumentada para com o pecado é na verdade uma marca do trabalho do Espírito no coração da pessoa.
e. Comparações com outros cristãos pode nublar a nossa certeza. Comparar-se com outros cristãos pode enfatizar a imaturidade da fé da pessoa. Precisamos entender que as pessoas amadurecem ao fim de um grande esforço e de um grande período de tempo. É muitas vezes não realístico comparar-se com um crente que é bem mais maduro.
f. Conversão durante a infância pode afetar a certeza da salvação. Uma pessoa que se converteu enquanto criança pode sentir que foi enganada quando tomou a decisão. Pode sentir que a sua decisão é de alguma forma menos real porque o cristianismo foi tudo o que conheceu até então.
Vemos então que existem muitas razões para que os cristãos duvidem da sua certeza de salvação. Alguns são fatores internos e alguns externos. Alguns são, de facto, dados por Deus para nos testar e nos aperfeiçoar. Mas através de todos eles o crente pode ter ficar descansado de que a dúvida é comum na vida cristã. Enquanto a dúvida é um problema causado por se viver num mundo pecaminoso, não é pecaminoso deparar-se com ela.
Tim Challies
Tradução: Joel Bueche Lopes
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