Detestas esperar?
- Paul Maxwell
- Jun 8, 2016
- 6 min read

A ansiedade é a canção de escravo do coração humano que está debaixo da tirania da insignificância. A impaciência é a vertente aguda da ansiedade – tocado numa certa tonalidade – que pode hipnotizar e armadilhar uma alma num infinito loop de idolatria hipnotizante. A cada batimento cardíaco, gotas de desejo inocente gradualmente se tornam numa torrente de impetuosa obsessão, resultando em palavras simples com grande poder: “Eu quero isto”… “Eu quero tudo”… “Eu quero tudo agora, AGORA MESMO!”
E, feroz como é, esta impaciência permanece camuflada debaixo da calma inocência do desejo original. Por uma mensagem de telemóvel. Por uma resposta. Por um cônjuge. Por um filho, um trabalho, um lugar na lista.
A impaciência é uma aversão profunda ao inteiro conceito do “pão nosso de cada dia”, em favor de um mero “Dá-nos cada dia.” Geralmente, apenas “Dá.”
Quando Deus diz “Mais Tarde”
Nós temos ouvido uma quantidade enjoativa de vezes a máxima cristã: “Deus dá três respostas à oração: ‘sim’, ‘não’, ou ‘mais tarde’.” Há várias razões para Deus dizer “mais tarde” a uma bênção, tanto quando Ele planeia dá-la, como quando Ele quer retê-la. A parte difícil é nunca saber qual delas será.
“Não” é fácil, porque, bem…é um ‘não’. “Não” é concreto e por isso lamentável – podes ficar triste, recuperar, e avançar a partir do “não”. Deus está a proteger-te de alguma coisa. Deus está claramente a fazer algo maior quando Ele responde com um “Não.”
“Sim” é bom, porque é um sim. Tu recebes a coisa. Em ambos os casos, ora com ações de graças.
Mas “Mais tarde” é difícil, porque corta o cordão entre ti e o chão, e com nada concreto a que te agarrares, és disparado a uma turbulência interna e confusão.
A tentação que todos os cristãos em espera enfrentam é proceder como se Deus tivesse dado um “Não” ou “Sim”. Dizer “Vou simplesmente assumir que vou receber isto” ou “Vou simplesmente seguir em frente sem uma resposta clara.” Mas não é isso que Deus está a fazer com “Mais tarde.”
“Mais tarde.” não é meramente ambiguidade divina. “Mais tarde” é Deus a aumentar o botão de volume emocional para revelar o que está no coração. Com “Mais tarde”, Deus amplifica o estado espiritual do cristão. “Ouviste isso? Ouviste essa insegurança? Ouviste esse medo? Estou a ensinar-te a responder a isso. Estou a ensinar-te a processar essas emoções e a confiar em mim com esses pensamentos.” “Mais tarde” é mais do que “Agora não.” “Mais tarde” significa “Escuta enquanto esperas.”
Gratificação Adiada
Não sabemos se um “Mais tarde” é “Sim” ou “Não” até chegar o momento. Mas para as vezes em que o “Mais tarde” de Deus for “Mais tarde…mas sim”, será ajudador lembrar que os presentes mais preciosos de Deus são por vezes estabelecidos em gradação por três razões:
1. Para aumentar a fé
Primeiro, se Deus não quisesse um relacionamento profundo e afetivo contigo, Ele dar-te-ia imediatamente tudo o que tu queres. Ele ia satisfazer-te com os prazeres deste mundo. Para aqueles que conhecem Deus, isso é intuitivamente contrário a Ele - não é oposto o abençoar, mas oposto o satisfazer as vontades. Deus não enviou o Seu Filho para propiciação do teu temperamento irascível. Porque Ele te ama, Deus não vai abençoar-te tão ricamente de forma que não precises de confiar n’Ele. Ele abençoa-te sazonalmente, proporcionalmente, e gradualmente, porque Ele quer outorgar-te tanto com o dom em si mesmo e o dom da fé, e nunca com o primeiro sem que esteja presente o último. O conselheiro Ed Welch observa “Prosperidade como essa seria uma maldição.”
Deus nos abençoe com a plenitude d’Ele mesmo através da incompletude momentânea da Sua provisão material.
2. Para Produzir a Apreciação
Segundo, a urgência pode depreciar o valor com que o recetor recebe o presente. Um presente amoroso leva ao excesso, mas é uma expressão pessoal de cuidado por uma necessidade ou desejo (Mateus 7:9). Então, na espera, Deus está a iniciar o fogo que permite que os presentes sejam recebidos com alegria. Deus não quer que o presente seja apenas um meio para atingir um fim, mas que o deleite no presente em si mesmo seja um meio para crescimento na fé e na alegria. Exercitar a paciência é um investimento no gozo futuro, tanto na perspectiva de Deus como na tua (Provérbios 13:12).
3. Para Impregnar Permanência
Terceiro (e isto é apenas às vezes) nós devemos estar lembrados que alguns presentes, a fim de que perdurem, requerem tempo para plantar e crescer. Bem-estar emocional. Vida amorosa. Estabilidade financeira. Um forte aumento numa destas áreas pode por vezes (ainda que nem sempre) ser uma bandeira vermelha significando a ilusão de uma bênção. (Provérbios 20:21)
Desapontamento Adiado
Por vezes nós usamos toda a nossa paciência ou um “Não” vem e a fé parece ficar, por fim, timidamente e embaraçosamente de mãos-vazias. O doutor adiou o diagnóstico; eu esperei em fé e agora tenho cancro. Eu pensei que o meu namorado ia pedir-me em casamento; eu esperei em fé e ele terminou comigo. Nós tentamos durante meses e anos; eu esperei em fé e nunca engravidei. Nesses momentos é compreensível dizer “Eu não quero Deus nesse momento. Eu quero sobreviver para a minha família.” “Eu não quero aumentar a fé agora. Eu quero um marido.” “Eu não quero ficar melhor sentindo-me como cristão. Eu quero um filho.” “Eu orei por isto, e Tu não me deste nada.” Nestas circunstâncias, a Escritura pode parecer nada mais como um pastor ….que, depois de servi-lo, nos deixa um folheto em vez de …: “Os juízos do SENHOR…são mais desejáveis que ouro, sim, mais do que o ouro fino.” (Salmos 19:9-10) Obrigada…idiota.
Não há resposta para estes sofrimentos exceto que Deus é Deus. Mas essa resposta deixa-nos com uma tensão que é, pelo menos emocionalmente, insolúvel. Nós perguntamos porque Deus nos colocaria numa fase difícil de espera apenas para nos tirar o tapete e nós questionarmos a Sua confiabilidade, Seu carácter e até o Seu amor.
Aqui está uma verdade que por vezes é negligenciada: não é errado questionar. Nós podemos sem medo orar assim “Olha para a minha vida, Deus. Eu não acredito que me amas.” (Salmo 22:1) Há tanto para descarregar. “Eu quero crer. Mas neste momento, não creio. Ajuda-me na minha incredulidade” (Marcos 9:24; 2 Tessalonicenses 1:3)
Sim, Deus pode estar a extinguir a idolatria com um “Mais tarde… mas não.” Ele pode estar a disciplinar. Ele pode estar a fazer uma limpeza-doméstica espiritual. Mas deveríamos guardas-nos de alguma vez dar uma explicação para um “Mais tarde… mas não.” O correto seria: “Não digas às pessoas o porquê de Deus estar a causar o seu sofrimento.” Quase sempre.
Claro, Deus vai sempre continuar a santificar o cristão, não importa as circunstâncias da sua vida (Efésios 3:8-13). Mas isso não faz dos acontecimentos que seguem um “Mais tarde… mas não” a razão para a experiência de desapontamento. Deus nunca promete uma razão. Ele raramente oferece uma resposta. Ele vai sempre oferecer a Si mesmo. E eu (relutantemente) não posso pensar numa maneira mais persuasiva de Deus presentear a Si mesmo a um coração pecaminoso que através do aumento da antecipação e da queda livre do desapontamento. Há uma tensão real, inevitável aqui, e a impaciência pode ter espírito mau-perdedor quando se encontra com “Mais tarde… mas não.” Se deixarmos a impaciência tomar controlo nos momentos enquanto esperamos, o caos vai tomar controlo quando a resposta chegar – “Não.”
O Tempo Oportuno de Deus
Seria tão mais fácil se nós apenas fossemos gratos, em vez de fiéis. Nos momentos de espera, a definição bíblica de fé torna-se irritantemente etérea: “Ora a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de factos que não se vêem” (Hebreus 11:1) Poderia ser a convicção de que Deus me deveria abençoar abundantemente e imediatamente quando eu quero muito alguma coisa? O meu voto vai para essa definição de fé… Mas graças ao Senhor que esse não é o caso. Louvemos Jesus por Paul Maxwell não receber o que ele quer e quando ele quer. Deus é bom e isso tem de suprir as nossas necessidades hoje (Hebreus 3:13). Ele diz-nos para pedirmos persistentemente (Lucas 18:7-8). Ele diz-nos “Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça e todas as outras coisas [materiais] vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33)…de alguma forma. E Ele diz-nos para confiar que o Seu tempo é perfeito (Salmo 31:14-15) Façamos isso com a menor reivindicação de direitos possível, e a maior confiança que pudermos juntar. Se soubéssemos todas as variáveis das nossas circunstâncias como Deus sabe, nós iríamos rapidamente admitir que a cronologia de Deus para nos abençoar é perfeitamente apropriada.
Tradução: Márcia Santos
Revisão: Joel Bueche Lopes
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