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O Segredo para uma vida Feliz

  • R.C. Sproul
  • May 19, 2015
  • 4 min read

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A epístola de Tiago é por vezes chamada de “Provérbios do Novo Testamento.” Isto acontece porque passagens como Tiago 4 dão-nos uma série aforismos latos de uma sabedoria piedosa e prática. Este capítulo começa por abordar o nosso problema universal em relação aos conflitos.

De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. (Tiago 4:1-3)

O mundo está marcado por conflitos. Existem conflitos mundiais e conflitos civis; existem conflitos na igreja; existem conflitos nas comunidades; existem conflitos nos lares – para onde quer que olhemos, vemos conflitos. Tiago diz que estas intrigas, lutas, disputas, e contendas provêm do nosso interior, do estado caído dos nossos corações. O que motiva estes conflitos é a inveja, ou a cobiça, que é uma transgressão da qual nós raramente ouvimos falar atualmente.

O conflito é fruto de corações cobiçosos daquilo que os outros têm. Ora, não é intrinsecamente mau querer algo que nós não temos. O argumento de Tiago, de que nós não temos porque não pedimos, chama-nos implicitamente a pedir a Deus que nos conceda os nossos desejos. Não devemos sentir vergonha quando desejamos coisas boas, desde que o nosso desejo não torne essas coisas boas em ídolos. A advertência contra a cobiça entra em cena quando Tiago reconhece que por vezes nós pedimos aquilo que não temos de maneira errada. Ocasionalmente, nós pedimos coisas boas com as intenções erradas.

O que quer isto dizer? Que por exemplo, nós pedimos coisas porque acreditamos que elas nos vão fazer felizes. Isto torna-se em cobiça, quando acreditamos que temos um direito inalienável de buscar o prazer como a fonte da nossa felicidade. O alvo supremo da nossa cultura é maximizar o prazer, mas existe uma diferença profunda entre felicidade e prazer.

Eu não me oponho ao prazer. Eu gosto de prazer. Mas lembre-se, o pecado é tentador porque pode dar prazer – a curto prazo. Nós pecamos porque achamos que nos vai saber bem. Cada vez que nós pecamos, nós cremos na primeira mentira de Satanás, que nos tenta, ao fazer com que acreditemos que vamos ser felizes se conseguiremos aquele prazer que desejamos. O Hedonismo, que define o que é bom com base no prazer, é a mais antiga filosofia que se opõe a Deus.

Todavia, o pecado nunca traz felicidade – o estado de gozo interior, bênção e contentamento no qual não há espaço para ganância nem cobiça. Os cristãos experimentam momentos de felicidade, quando estamos sozinhos na presença de Deus, em comunhão com Ele, e que é suficiente para nós saber que os nossos pecados foram perdoados. Mas, sem demora, esquecemo-nos disso e já estamos preocupados com as contas. De repente, já dizemos: “Se eu tivesse mais um pouco de dinheiro, se eu tivesse um carro melhor, se eu tivesse uma casa melhor, eu seria finalmente feliz.”

Após explicar a raiz dos conflitos, Tiago revela o que é que a corta e traz verdadeira felicidade.

Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. (...) Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará. (Tiago 4:6-7,10)

Humildade é o segredo para uma vida feliz. O que é humildade? As Escrituras não dizem que a pessoa humilde é um Mr. Milquetoast, sem carácter nem personalidade, o homem sem espinhas que é o saco de boxe do resto do mundo; antes, a pessoa humilde é aquela que teme a Deus. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e tal temor flui de um coração que reverencia Deus e se submete à sua autoridade.

O oposto de humildade é arrogância. Pensar que Deus nos deve cada prazer que nós queremos manifesta uma arrogância indescritível que ousa criticar a providência de Deus para sua vida. Todas as vezes em que começamos a lutar por aquilo que não temos, a nossa luta é primeiramente contra o SENHOR. Existe algo mais tolo do que fazer guerra contra Deus? Opor-se a Deus é a mesma coisa que se opor a uma cidade. Ele é a última Pessoa que eu quero ter contra mim. Deus resiste aos soberbos, por isso devemos fazer com que esta máxima de Tiago entre nas nossas almas: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”

Se existe uma coisa que nós devemos buscar de forma apaixonada, essa coisa é a graça de Deus. Por definição, graça não é algo que você possa merecer. Você pode receber graça apenas se Deus na sua misericórdia lhe der. É um dom. Não se pode comprar, ganhar ou merecê-la. Deus dá graça ao humilde porque este entende a graciosidade da graça. A humildade submete voluntariamente a sua vida à misericórdia soberana de Deus. Pessoas humildes reconhecem que o Senhor não lhes deve nada.

Queremos mais graça? Tentemos, então, ser um pouco mais humildes. Buscamos menos resistência de Deus? Livremo-nos, então, da nossa soberba. Nós devemos lembrar-nos que somos servos indignos que se lançam à mercê do tribunal. Quando entramos na presença de Deus e ordenamos que Ele nos dê algo ou tentamos persuadi-lo a dar-nos algo como se fossemos os seus conselheiros que o instruem sobre a melhor maneira de fazer as coisas, nós entrámos na sua presença não com confiança como a Bíblia nos chama a fazer, mas com arrogância. Nós devemos vir a Ele com ações de graças e adoração pela graça que já recebemos. Quanto mais humildes nós somos, mais graça recebemos. Quanto mais soberbos nos tornamos, mais Deus nos resiste.

Tradução: Marcos Barreiro

Revisão: Joel Lopes

 
 
 

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