O louvor que agrada a Deus - Joel Lopes
- Joel Bueche Lopes
- Nov 24, 2014
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Quando pensamos em louvor e no “louvor ideal”, das primeiras coisas que vemos como preocupação atualmente é o aspeto musical, a qualidade musical, a excelência dos músicos, os arranjos, os efeitos que produz nas pessoas. De facto a qualidade musical é importante. No entanto, existem componentes essenciais ao louvor que agrada a Deus, sem os quais Deus não se sentirá honrado e glorificado. A música é o embrulho (que deve ser bonito) do conteúdo, que deve ser ainda melhor que o embrulho. Na verdade o embrulho deve dignificar o seu conteúdo, o qual deve ser sublime.
Assim, olharemos para os primeiros dois versículos do Salmo 9 onde podemos encontrar quatro aspetos que devemos encontrar no louvor musical oferecido a Deus.
1. Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.
2. Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores.
Nos primeiros dois versículos podemos encontrar alguns verbos no futuro, nos quais o salmista se compromete a algo para com Deus.
Temos nestes dois versículos, algo precioso acerca do louvor que devemos prestar a Deus:
A. Excelência de Vida
Louvar-te-ei - Vemos a intenção do salmista em louvar o Senhor. Algo a destacar é que o louvor no Saltério é raramente algo que acontece de forma individual, entre o salmista e Deus. Mas maioritariamente trata-se de uma ação coletiva.
De onde parte o louvor do salmista a YHWH? Da inteireza do seu coração, isto é, o salmista louva a Deus com todo o seu ser interior, com toda a sua mente, razão, faculdades mentais, com todas as suas emoções, com toda a sua vida! Esta é a postura do verdadeiro louvor que agrada a Deus!
Numa sociedade cada vez mais individualista, aliada a uma pluralidade de plataformas sociais, temos visto o crescente número de pessoas que se desassociam da adoração coletiva e ficam-se apenas pela individual. São chamados de “desigrejados”.
Não quer dizer que não haja espaço para a devoção pessoal, há! É fundamental, essencial, fulcral. Mas toda a devoção pessoal deve ter reflexo na devoção coletiva. Esse é o fim último! Somos salvos individualmente, mas somos inseridos num povo que é chamado a glorificar a Deus! A glorificação a Deus então TEM de passar pelo ato coletivo, só aí encontra a sua total realização!
Ao mesmo tempo o louvor só tem o seu significado no coletivo se a pessoa estiver a louvar a Deus com todo o seu ser: mente, razão, vontade, emoções! O louvor a Deus deve ser holístico, tudo o que em nós deve louvá-lo, como um sacrifício de holocausto, em que tudo queima e nada fica, tudo é oferecido a Deus!
B. Excelência de conteúdo
2. Contarei - Qual o conteúdo do louvor? Qual o objetivo do louvor? Contar as maravilhas de Deus! O salmista louva a Deus ao proclamar os atos majestosos e maravilhosos de Deus, que por sua vez refletem o caráter de Deus. O centro do louvor é Deus e a sua ação na história da Redenção, bem como as suas ações em favor de cada um dos seus escolhidos.
Muitos hinos ultimamente têm tido um conteúdo não centrado em Deus mas no homem. Expressam mais as necessidades imediatas do que o caráter e a ação de Deus. Não é que os hinos não possam expressar as nossas necessidades e anseios, muitos salmos fazem-no. Mas o ponto é quem, ainda assim, é o centro do que cantamos e se só cantamos esse tipo de conteúdo.
O que cantamos deve refletir os atributos de Deus. Deve proclamar o que Deus fez, faz e fará pelo Seu Povo. Muito poucos hinos hoje são escritos tendo a esperança futura, o céu, como conteúdo, por exemplo. Poucos hinos enaltecem os atributos de Deus na sua totalidade, habitualmente só se exalta o amor de Deus, quantas vezes cantamos o caráter Justo de Deus, em que afirmamos ser Ele o Juiz? Quantos hinos falam da aspeto vicário e propiciatório da morte de Cristo. Quantos hinos enaltecem a Trindade?
Precisamos de cantar mais teologia! E aqui temos a prova viva de que a teologia não é fria ou morta! Porque o objetivo final da teologia é a doxologia! O alvo do conhecimento de Deus é a Sua adoração, a Sua glorificação, com todo o coração!
Queremos louvar melhor ao Senhor? Com maior inteireza do nosso ser? Então estudemos a sua ação na História e o seu carácter!
C. Excelência de atitude
3. Alegrar-me-ei e exultarei - O louvor a Deus é feito com todo o coração, é sobre Ele mesmo, com alegria e exultação. O salmista, fruto do seu conhecimento de Deus e da sua ação na História, louva a Deus com alegria, com exultação. A sua satisfação é Deus, não é mais nada na vida. Ontologicamente, o salmista encontra pleno sentido só em Deus, encontrando aí toda a sua alegria. Fora de Deus não há alegria, fora da benção e da ação graciosa de Deus não há alegria.
No salmo 16 podemos ler: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.”
Não serve de nada a adoração a Deus ser feita de todo o coração, com lágrimas nos olhos e até com conhecimento, se não há uma satisfação em Deus, um estar em Deus! Caso contrário será sacrifício e emoção vazia, e conhecimento frio, meramente intelectual. O conhecimento de Deus e da sua ação na História deve conduzir o homem a encontrar o sentido pleno da sua existência em Deus somente. Só em Deus o homem deve alegrar-se e exultar!
Será que no nosso louvor acontece esta verdade? Será que quando cantamos, fazê-mo-lo com este sentido de satisfação plena alegre em Deus? É uma satisfação que vai além de um sentimento perene, é uma felicidade permanente, que vai além de circunstâncias.
D. Excelência musical
4. Cantarei - Este louvor a Deus, com inteireza de vida, com conteúdo teológico, com a atitude certa de satisfação em Deus, vai embrulhada em música. O salmista expressa este louvor em música.
A música, o cantar tem sido uma marca característica do povo de Deus ao longo da História. Vemos isso no Antigo Testamento em diversos contextos (como nos Salmos), vemos no Novo Testamento Jesus e os seus discípulos a cantarem, vemos Paulo e Silas a louvarem cantando na prisão, vemos o cantar como um traço bem marcado na igreja ao longo dos séculos.
Deus agrada-se que lhe cantemos, que lhe expressemos a nosso louvor em forma musical.
Se por um lado uns sobrevalorizam o louvor musical, outros, por outro, esperam que esse momento nos cultos passe o mais rapidamente possível (pode ser por uma panóplia de motivos). Deus agrada-se de lhe cantarmos, desde que seja claro com inteireza de vida, com conteúdo teológico são e com plena satisfação e alegria nele.
Conclusão
Que possamos louvar ao nosso Deus, procurando excelência de atitude, excelência de conteúdo e excelência de vida.
Se tivermos essas quatro características nos nossos momentos de louvor, certamente Deus se agradará e será honrado!
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