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Só a Graça - Samuel Trancoso

  • Writer: Joel Bueche Lopes
    Joel Bueche Lopes
  • Nov 4, 2014
  • 5 min read

Maravilhosa Graça

Maravilhosa graça! Maior que o meu pecar!

Como poder cantá-la? Como hei-de começar?!

Trouxe-me alívio à alma, e vivo em toda a calma,

Pela maravilhosa graça de Jesus!

CORO:

Graça! Quão maravilhosa graça!

Como o firmamento, é sem fim!

É maravilhosa, é tão grandiosa,

Tão sublime e doce para mim!

É maior que a minha vida inútil,

Mais profunda que o imenso mar.

A Cristo vamos, pois, louvores dar! A Deus honrar!

Maravilhosa graça! Traz vida perenal!

Por Cristo perdoado, vou à mansão real.

Sei que hoje sou liberto, vivo de Deus bem perto,

Pela maravilhosa graça de Jesus!

Maravilhosa graça! Quão ricas bênçãos traz!

Por ela Deus salvou-me, deu-me perdão e paz!

Salvo, sim, em verdade, por toda a eternidade,

Pela maravilhosa graça de Jesus!

Como cristãos gostamos de cantar sobre a graça salvadora de Deus e com razão. O próprio Senhor Jesus afirmou “todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (João 1:16). Muitas das epístolas do Novo Testamento começam e terminam com os escritores expressando o seu desejo de que a graça de Jesus estivesse com o Seu povo. Mesmo as derradeiras palavras das Escrituras são: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém” (Apocalipse 22:21).

Sola Gratia (Latim) foi uma das bandeiras da chamada Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero em 31 de Outubro de 1517. Este “Sola” surgiu em resposta a várias questões que se levantavam na época, tais como, será que o homem participa do seu perdão dos pecados ou será que Deus dá completo perdão? Noutras palavras, a salvação é obra de Deus ou é obra dos homens? O humanista da idade medieval Erasmo de Roterdão, ensinava que a salvação era parcialmente pela graça e parcialmente pelas obras (semi-pelagianismo). Lutero respondeu a Erasmo através do seu livro clássico: “Nascido escravo” ensinando que o pecador não tem qualquer condição de salvar-se a si mesmo.

Lutero afirmou que a única forma de vencer o sistema católico romano, e de indulgências, e toda forma de esforço humano na salvação. Está na antítese entre a Livre Graça e o Livre-Arbítrio. A tensão principal está aqui: O livre-arbítrio contra a livre-graça de Deus.

A definição mais comum de graça é o “favor imerecido de Deus”, mas isto não alcança suficientemente tudo aquilo que o termo quer dizer; pois, graça é o favor de Deus sendo colocado sobre os pecadores que merecem o inferno. Compreender o que a graça significa exige retroceder a um termo hebraico que significa “curvar-se ou inclinar-se”. Com o correr do tempo, ele veio a incluir a ideia de “favor condescendente”. Mostrar graça é estender favor ou bondade a alguém que não merece e jamais pode ganhar a graça pelos seus próprios meios.

Em 1996, vários líderes e teólogos cristãos reuniram-se em Cambridge para formular uma declaração doutrinária que ficou conhecida como Declaração de Cambridge. Essa declaração uniu estes lemas que juntos são conhecidos como as 5 solas da reforma, as doutrinas básicas da fé protestante.

Foi definido Sola gratia da seguinte forma:

“Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.“

A Bíblia ensina que o homem é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa para a sua salvação. Está espiritualmente morto nos seus delitos e pecados. Um morto nada pode fazer sem que antes seja vivificado. Paulo ensina como se operou a nossa salvação:

"Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados... e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos" (Efésios 2:1,5).

Foi "pela graça", diz Paulo, que fomos vivificados, estando nós mortos. A doutrina da inabilidade total do homem para salvar-se foi um dos marcos da Reforma. Vendido ao pecado, o homem não tem mais a habilidade para escolher o bem, pois sua vontade está presa ou escravizada pelo pecado. Só pode e só quer escolher o pecado. A salvação é, portanto, exclusivamente um acto da livre e soberana graça de Deus. Os reformadores deram grande ênfase na necessidade da graça soberana de Deus para a salvação do homem.

Foi a Reforma que trouxe à luz a verdade da Sola Gratia, ensinada nas Escrituras. Onde a total inabilidade do homem foi afirmada baseada nas Escrituras. O homem nem mesmo pode cooperar com a graça regeneradora do Espírito. A salvação não é, em nenhum sentido, obra humana. Não são os métodos ou técnicas humanas que operam a salvação, mas tão somente a graça regeneradora do Espírito. A fé não pode ser produzida por uma natureza decaída e morta.

"Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3:3-5)

Como somos naturalmente pecadores e mortos espiritualmente não podemos fazer nada sozinhos para nos salvar. Não existe nenhum outro caminho para Deus que não seja através da sua maravilhosa graça. A graça acontece quando recebemos algo que não merecemos. Nós recebemos o privilégio irresistível de estarmos na presença de Deus, tendo o nosso relacionamento restaurado com Ele por meio de Jesus Cristo. A cruz é a maior demonstração de graça da história e não há mais nada que eu e tu possamos fazer a respeito da salvação, não existe mérito humano nenhum nela, mas tudo vem de Deus (Efésios 2:8-9)

Quando dizemos Sola Gratia queremos dizer que o supremo Deus de todo o céu e de toda a terra, Ele de uma forma soberana e livre aplica a graça salvífica a pecadores culpados e merecedores do inferno. A única causa eficiente da salvação é a graça de Deus. Ninguém pode ser salvo por mérito próprio, por obras, sacrifícios penitências ou compra de indulgências. A única causa eficaz da salvação é a graça de Deus sobre o pecador.

Que neste dia em que relembramos o momento em que se iniciou a Reforma Protestante, possamos estar gratos a Deus pela Sua maravilhosa graça nas nossas vidas que “nos retirou das trevas para a Sua maravilhosa luz”. O Deus que salva pela graça é o mesmo que nos abençoa pela mesma graça. Vive a vida na dependência da graça de Deus e para a glória do Criador.

Pastor Samuel Filipe Trancoso

 
 
 

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