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O trabalho de Deus na Disciplina da Igreja - John MacArthur

  • Writer: Joel Bueche Lopes
    Joel Bueche Lopes
  • Sep 19, 2014
  • 4 min read

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O ensino de Jesus em Mateus 18.15-17 delineia instruções claras relativas à prática da disciplina eclesiástica. Eu disse várias vezes ao longo das minhas séries, mas este é um assunto que nunca será enfatizado o suficiente: a disciplina na Igreja é sempre conduzida pela esperança da restauração do irmão desviado - nunca por escárnio ou desprezo. Amor por Cristo, pela sua igreja, e pelo próximo requer que tratemos o pecado com extrema seriedade, mas tratamos o irmão ou irmã em pecado com extremo amor.

Amar um pecador que professa Cristo significa que nos recusamos a permitir que o cancro do pecado se espalhe nele e em torno dele. Através de uma série de confrontações cheias de graça e compassivas, devemos fazer o esforço de resgatá-lo da auto-engano e da cilada do diabo. Tal como vimos, tal processo começa de forma privada, numa confrontação pessoal, de um para um. Se ele se recusar a arrepender-se, um ou mais devem ser trazidos ao círculo. Se ele continua a sua rebelião, o assunto deve ser levado à congregação. A persistência na falta de arrependimento culmina na excomunhão. Contudo, se em algum momento o pecador volta-se do seu pecado, o processo deve parar e ele deve ser perdoado e reconciliado. Estes são os quatro passos descritos por Jesus.

O envolvimento de Deus na Disciplina

Mas as instruções do Senhor para proteger a pureza da igreja não acabam no versículo 17. E ainda que as afirmações seguintes sejam familiares para muitos frequentadores de igreja, o contexto dessas afirmações é muitas vezes esquecido ou ignorado:

"Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles." Mt 18.18-20

Esses versículos são muitas vezes tirados do contexto e aplicados a pedidos de oração de todo o género. Mas aplicam-se especificamente ao tema da disciplina na igreja. Jesus estava a ensinar como Deus trabalha no processo da disciplina da igreja.

“O que ligardes” e “o que desligardes” refere-se ao veredicto da igreja num caso de disciplina. Ligar e desligar eram termos rabínicos que eram, sem dúvida, familiares aos discípulos. Eles referiam-se à escravidão do pecado e à libertação da culpa desse mesmo pecado. Jesus estava a dizer que o céu estava de acordo com o veredicto da igreja num caso de disciplina que tenha sido devidamente conduzido.

Os tempos verbais usados na citação de Mateus 18.18 são traduções literais. a ideia não é que o céu segue a liderança da igreja, mas que quando a disciplina é administrada corretamente, o que quer que seja feito na terra já foi feita no céu. Este é um dos pedidos na oração do Senhor: ”Faça-se a tua vontade, na terra como é feita no céu.” (Mt 6.10). Se a vontade de Deus deve ser feita na terra como é no céu, a igreja deve praticar a disciplina apropriada para com os membros em pecado.

Esta promessa tem o propósito de ser um conforto e um encorajamento. Muitas pessoas pensam que é falta de amor a igreja confrontar pecado. Mas a verdade é que, quando a igreja pratica a disciplina como Cristo mandou, essa igreja está simplesmente a fazer o trabalho do céu na terra. Estão a amar o Salvador e o pecador simultaneamente.

O versículo 19 é também mal compreendido. A palavra grega para “acordo” é a mesma palavra da qual deriva a palavra portuguesa sinfonia. Significa literalmente “produzir um som em conjunto.” Sendo o veredicto “ligar” ou “desligar”, quando a igreja está em harmonia - e especialmente as “duas ou três testemunhas” que estabelecem o facto de que o pecador não está arrependido - o Pai está também de acordo.

Este versículo não significa que sempre que consigamos que duas ou três pessoas estejam de acordo em alguma coisa, Deus deve honrar o seu pedido de oração. Os “dois” no versículo 19 são duas testemunhas cujo depoimento está de acordo. Se estão também de acordo com a vontade de Deus quando impõem a disciplina no irmão pecador, eles podem ter a certeza que o próprio Deus está a trabalhar no seu meio e em seu favor.

O versículo 20 reitera a promessa semelhante de Cristo: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.” (Mt 18.19), mas o Filho também participa (Mt 18.20).

Embora o versículo 20 seja frequentemente citado para invocar a presença de Cristo nas reuniões de orações, é uma interpretação errada da intenção do texto. Deus é omnipresente; então ele está presente quer uma pessoa esteja a orar, quer estejam cinquenta. Mas neste contexto os “dois ou três” referem-se ao que está antes, as “duas ou três testemunhos”, do versículo 16. E o versículo não fala meramente da presença de Cristo, mas da sua participação no processo de disciplina. Ele junta-se à disciplina levada a cabo pela igreja - uma realidade temível para o indivíduo que se recusa a arrepender-se, mas um conforto tremendo para os que têm que administrar a disciplina.

Tal como vimos através do processo de disciplina na igreja, o objetivo principal de toda a disciplina na igreja é de restaurar o irmão ou a irmã pecadora. Este objetivo nunca é abandonado, mesmo depois do indivíduo ter sido excomungado. E, se em algum momento, ele se arrepende, deve ser restaurado e recebido com grande amor e compaixão - a não ser que esqueçamos o grande amor e compaixão que Cristo nos estendeu na redenção.

Ainda que o processo de disciplina na igreja possa ser doloroso e desolador, os crentes devem lembrar-se que a pureza da igreja é uma prioridade de Deus, e que seguindo o padrão que Ele nos deu, podemos ter confiança que ele está a trabalhar em nós e através de nós para realizar a sua vontade.

John MacArthur

Tradução: Joel Lopes

Revisão: Marcos Barreiro

 
 
 

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